Na última terça-feira (28), Elon Musk anunciou oficialmente sua saída do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), órgão criado pelo governo dos Estados Unidos durante o segundo mandato do ex-presidente Donald Trump. A decisão veio após crescentes divergências entre o empresário e a administração, especialmente no que diz respeito às diretrizes fiscais adotadas recentemente.
Musk, que ocupava o cargo de funcionário especial dentro do DOGE, foi um dos rostos mais visíveis dessa iniciativa, cuja missão era reduzir gastos públicos, cortar burocracias e promover uma gestão mais “eficiente” da máquina federal. Durante seus pouco mais de quatro meses à frente da pasta, Musk comandou medidas polêmicas, como o desligamento de cerca de 260 mil funcionários públicos e a extinção de órgãos importantes como a USAID (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional).
Apesar de alegar que tais ações geraram uma economia de US$ 150 bilhões, analistas independentes e entidades civis questionam esses números, apontando consequências negativas, como uma onda de processos judiciais contra o governo e protestos populares em diversas cidades americanas.
O estopim para a saída de Musk teria sido a aprovação do projeto “Big Beautiful Bill”, um pacote fiscal proposto pela própria administração Trump que, segundo projeções, pode ampliar o déficit fiscal dos EUA em até US$ 3,8 trilhões ao longo da próxima década. Musk classificou a proposta como “contraditória” aos princípios originais do DOGE, que visavam justamente conter o avanço da dívida pública.
Além das tensões políticas, o bilionário também teria sido pressionado por acionistas e conselheiros da Tesla, sua principal empresa, que atravessa um momento delicado. No primeiro trimestre de 2025, a montadora registrou uma queda de 71% nos lucros, reflexo de boicotes organizados e da perda de confiança do mercado diante do envolvimento político de Musk com a administração Trump.
Em declaração pública, o empresário afirmou que sua saída do governo tem como objetivo “retomar o foco integral nos negócios” e indicou que pretende se afastar gradualmente das discussões partidárias. Ele reafirmou seu compromisso com o avanço tecnológico por meio da Tesla, da SpaceX e de outras empresas sob seu controle.
A Casa Branca, por sua vez, confirmou a saída de Musk e declarou que ele continuará como conselheiro informal do governo. Para ocupar o posto de liderança do DOGE, o nome mais cotado é o do empresário e ex-candidato presidencial Vivek Ramaswamy, aliado de Trump e defensor das ideias de desburocratização estatal.
A saída de Elon Musk marca mais um capítulo nas complexas relações entre empresários de tecnologia e a política americana — e lança novas dúvidas sobre os rumos econômicos da atual administração.
Fonte: G1 – “Musk deixa governo Trump”
Outras fontes consultadas: Reuters, HuffPost Espanha, Economic Times Índia.