Estudantes estrangeiros vivem incerteza nos EUA sob políticas de Donald Trump

As universidades americanas e os estudantes internacionais vivem um clima de apreensão diante de decisões recentes e declarações do ex-presidente e atual candidato à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump. Embora o republicano tenha afirmado publicamente ser favorável à permanência de estrangeiros que se formam em instituições norte-americanas, medidas recentes de seu governo indicam o oposto: restrições e bloqueios à entrada e permanência de estudantes estrangeiros no país.

Durante uma entrevista concedida em junho de 2024 ao podcast All-In, Trump surpreendeu ao declarar que todo aluno estrangeiro formado em uma universidade dos EUA deveria receber, automaticamente, um green card, o documento que garante residência permanente no país. Ele chegou a afirmar que essa permissão deveria ser estendida também a estudantes de faculdades comunitárias. “Você se forma em uma faculdade, acho que deveria receber automaticamente, como parte do seu diploma, um green card para poder ficar neste país”, disse Trump na ocasião.

A fala causou surpresa até mesmo entre setores mais moderados da política americana, já que representa um rompimento com a retórica mais dura tradicionalmente adotada por Trump em relação à imigração.

Entretanto, poucos meses depois, em maio de 2025, o discurso não só perdeu força como passou a ser contradito por medidas concretas de seu próprio governo. Por meio de uma ordem executiva, a gestão Trump determinou a suspensão imediata das entrevistas para concessão de vistos de estudante (F, M e J) em todas as embaixadas e consulados norte-americanos. A justificativa oficial foi a implementação de um novo protocolo de verificação de redes sociais dos candidatos, como parte de um esforço de segurança nacional.

A decisão afetou diretamente milhares de jovens que se preparavam para iniciar seus estudos nos Estados Unidos a partir do segundo semestre letivo. Estudantes relataram cancelamentos de vistos, incertezas sobre prazos e dificuldade de comunicação com consulados.

Como se não bastasse, o governo Trump também revogou temporariamente a autorização da Universidade de Harvard para matricular estudantes estrangeiros, alegando falhas nos critérios de segurança e falta de transparência sobre o processo seletivo de alunos internacionais. A medida gerou forte reação da instituição, que acionou a Justiça e conseguiu uma liminar para manter suas atividades normalmente, incluindo a inscrição de alunos de fora dos EUA, enquanto o processo judicial corre na Justiça federal.

A combinação dessas ações e declarações tem gerado medo e insegurança entre estudantes estrangeiros, que veem seus planos de estudo e carreira ameaçados. A comunidade acadêmica tem criticado duramente a instabilidade nas políticas migratórias e o tratamento dado às universidades, alertando que os Estados Unidos correm o risco de perder seu protagonismo global no ensino superior caso continuem dificultando a permanência de talentos internacionais.

A aparente contradição entre discurso e prática revela o cenário de incertezas que predomina na política externa americana voltada à educação sob Trump, com impactos diretos não apenas sobre indivíduos, mas sobre o posicionamento dos EUA como destino acadêmico global.

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